terça-feira, março 15, 2011

Lacan e as convenções da lógica

Hoje na aula de Estética II falou-se sobre a psicanálise lacaniana, tudo isto a propósito da escultura da Vénus de Milo. Ora que acabou por vir à baila este esquema, que passo a explicar:
S1 corresponde ao sexo masculino, e diz-nos na parte superior que todos os homens são castrados, salvo uma rara excepção. Essa excepção vai contra todas as regras, gozando em pleno. Este gozo masculino encontra-se sempre no lado invisível da mulher, que é para o homem considerada como um objecto de gozo.
Por sua vez, S2 corresponde ao sexo feminino. No topo diz-nos que não existe uma única mulher que não seja castrada; porém, essa castração não é total: há algo nela que escapa. Porém, enquanto que o gozo da mulher é equiparável ao do homem, esta possui ainda a habilidade de "gozar num lugar que ela própria desconhece", citando Catherine Briarte.
Como podemos verificar pelo esquema, o homem é bem mais básico do que a mulher. Existe no Homem uma ideia de grupo, que terá consequentemente como líder a já referida excepção, o exemplo máximo. Por outro lado, não podemos olhar para a mulher como una. Corrigindo-me, não existe Mulher. Existem sim Mulheres, singulares, únicas, todas elas diferentes entre si.
Eu gosto de acreditar que todos somos seres individuais, independentemente do nosso sexo. É nessa premissa que vivo todos os dias, e é nisso que me baseio ao avaliar as situações com que me deparo. Não sei contudo até que ponto Lacan não teria alguma razão. Sublinho, alguma. Toda aquela lógica masculina tão elementar (como só eles sabem ser), toda aquela visualização que eles fazem da mulher como um objecto, o sentido de Homem enquanto grupo, bate tudo demasiado certo. Existe uma lógica, um comportamento padrão tipicamente masculino. Sim, eles têm as suas diferenças, mas não são assim tantas: os princípios lacanianos estão lá, é mais que óbvio.
Não me venham contudo com histórias de castração feminina. É certo e sabido que ao longo dos tempos tem havido uma constante tentativa de castração para com as mulheres, fruto da castração masculina geral. Repito, tentativa. Acho que cada vez mais a mulher prova o quanto vale, e todas essas tentativas de nos castrarem só nos dão mais alento para atingirmos o triunfo. E sim, é um facto que somos mais complexas que os homens, mas é precisamente isso que nos torna tão diferentes umas das outras, seres individuais.
Como já acima disse, eu gosto de acreditar que todos os seres são individuais, e vou continuar a fazê-lo. Mas hei-de manter constantemente na minha cabeça toda esta lógica lacaniana, porque cada vez mais acho que ela faz bastante sentido.

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