quarta-feira, abril 14, 2010

Recordo-me perfeitamente daquela semana em especial. Devia ter os meus oito anos, e fui para a colónia de férias na Serra da Lousã. Foram dias muito bons, a partilhar a camarata com as restantes raparigas, a tentar manobrar a canoa no rio, a tomar banho nas piscinas naturais. Mas o que deixa mais saudades eram mesmo as noites à volta da fogueira a contar histórias, a cantar ou simplesmente a conversar.
Pormenores aparte; certa noite os nossos monitores foram acordar-nos a horas indecentes, sob a justificação de que iríamos apanhar gambuzinos. Sim, riam-se. E nós, na inocência característica da flor da idade vestimo-nos apressados enquanto nos perguntavamos o que seriam esses bichos e discutiamos o assunto numa tremenda excitação. Já no meio do mato, depois de uns minutos de formação a respeito dos procedimentos da caça aos gambuzinos lá seguimos nós ansiosos por descobrirmos tal criatura. Sei-vos dizer que foi uma noite bastante longa, e apesar da desilusão de não termos conseguido apanhar nenhum (como se fosse possível) fomo-nos deitar a acreditar piamente que existiam gambuzinos, e que no dia seguinte os iamos conseguir encontrar pois já estavamos melhor preparados. Escusado será dizer que nunca os encontrámos, e nem quando cheguei a casa e partilhei a experiência com os meus pais, mesmo depois de eles se rirem às gargalhadas e dizerem que não existiam gambuzinos, continuei a acreditar que os ditos existiam. Até que efectivamente cheguei à conclusão que estava errada.
Começo-me a perguntar se não será a mesma história com os trevos de quatro folhas. Quando era criança costumava procurá-los obcessivamente, pensando que iria ser a rapariga mais sortuda da história. E mesmo depois de tardes a fio de rabo para o ar sem qualquer resultado positivo, não desistia. Verdade seja dita, nunca mais os procurei. Mas cada vez mais acho que os trevos de quatro folhas têm uma existência tão real como a dos gambuzinos...

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