Esta é uma mania que existe já há tanto tempo, a de dar nomes às coisas, que é impossível contrariá-la. Esta necessidade geral, de encontrar uma denominação para tudo. Como se fosse possível que tudo pudesse ser transposto por palavras. É quase como uma garantia de sabedoria, "Ah, eu sei o que é isso", e diz-se a palavra. E no entanto não passam de meras palavras, todos sabemos muito bem disso.
Acontece, pois, que existem coisas demasiado imensas e para as quais as palavras não chegam. É uma ideia um bocado gasta, mas não é por isso que deixa de ter o seu lado verdadeiro. É um bocado como a história dos vazios, que por muito que se queiram preencher com palavras mais vale estar-se quieto. Esta procura obcessiva pela denominação é completamente escusada, pois qualquer palavra que se possa arranjar será insignificante.
Acontece também que por vezes o que há a denominar parece algo relativamente mínimo, e quando nos é anunciado o seu nome é que nos apercebemos da verdadeira dimensão das coisas. Uma palavra sem vida, que sendo insignificante consegue causar um impacto devastador.
E acreditem, quando isto acontece é que nos apercebemos como é incrível o poder que uma merda de palavra pode ter.
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