Lembro-me quando no nono ano tive que decidir que rumo seguir. Vacilei durante muito tempo, até que acabei por optar seguir o caminho das artes, influenciada pela arquitectura. Com o passar do tempo, depressa descobri que as artes não precisam de ser tão exactas como no caso da arquitectura, que há muito mais além. Sempre gostei de fotografia, desde pequena que a gaveta do fundo do móvel sempre foi a minha predilecta. Passei tardes inteiras a ver e rever fotografias, minhas e dos meus. Foi algo que sempre me acompanhou ao longo do meu crescimento, inicialmente com a objectiva à minha frente, e mais tarde segurando a máquina. A minha primeira máquina foi-me oferecida por um fotógrafo amigo do meu pai. Com paciência, o Artur explicou-me todos os passos para guardar uma recordação fotográfica pelas minhas próprias mãos. Está claro, nas minhas primeiras fotografias notava-se a minha presença; o meu dedo egocêntrico sobrepunha-se perante aquilo que eu realmente queria mostrar aos outros. Com a prática e o passar do tempo, comecei a ganhar jeito, e acabei por me apaixonar por esta arte, tal como me apaixonei por tantas outras.Posso dizer que tive a sorte de passar pela experiência das fotografias analógicas, polaroid e passar para as digitais, e espero que os meus filhos tenham essa mesma sorte. Contudo, as fotografias a preto e branco sempre foram as minhas predilectas. Talvez porque nos remetem a um passado nostálgico, talvez porque nos ajudam a melhor captar a alma das coisas, talvez porque estão repletas de sentimentos por desvendar. Não trocava todas as cores do mundo por uma visão monocromática. Mas assim, despojadas do supérfluo, as coisas parecem-me mais nítidas. A preto e branco.
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