quarta-feira, setembro 16, 2009

beach house - auburn and ivory

Passamos a vida a sonhar, a idealizar aquilo que desejamos para o nosso futuro. A mim sempre me disseram que sonhar era importante, e como tal vesti a camisola com todo o amor. Não hajam dúvidas, eu cá assumi o meu papel de sonhadora com toda a dignidade e empenho. Talvez até demais. Sonhar é bom, o problema é exactamente saber quando devemos parar. É talvez como o álcool. Os médicos dizem que em quantidades moderadas o álcool faz bem à saúde. Por exemplo, beber um copo de vinho à refeição. E se não nos soubermos moderar, é assim que começam os vícios. Digamos que eu já passei a beber uma garrafa à refeição. Não me interpretem mal, sonho demais. Pelo menos já passei a fase da negação, e os psicólogos dizem que o passo mais difícil é admitir que temos um problema.
Nunca acreditei no perfeito, sempre fui mais do realismo. Mas este é um problema que nos persegue há muitos anos, ainda nem o meu pai sonhava vir a nascer já os gregos lutavam contra blocos de mármore em busca das formas perfeitas. E essa foi uma luta que se prolongou pela vida. Sim, também os houve, aqueles que cuspiam nas formas gregas idealizadas e que representavam a realidade tal como ela era, aceitando os seus defeitos e virtudes. Mas sempre existiu esta tendência idílica da busca do perfeito. Sempre fui mais de acreditar no imperfeito, como tal sempre tive maior facilidade em saber aquilo que não queria. Mas era inevitável; mais cedo ou mais tarde eu haveria de me perguntar: Afinal que merda é que queres?
E agora? Agora que já idealizei o meu perfeito, como posso aceitar o realismo que me envolve? Agora que já sei o que quero, não posso evitá-lo, certo?
O problema é que nem sempre temos o que queremos.
Agora eu sei que devo parar. De sonhar.

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