terça-feira, setembro 08, 2009

autolux - angry candy

Há sempre aqueles momentos em que queremos muito dizer algo, mas que, por este ou aquele motivo acabamos por optar não dizer. São palavras repletas de vida, cheias de vontade de se darem a conhecer, mas nós parecemos não concordar muito com elas. Elas lutam, desesperadas por se afirmarem perante a sociedade, e só há uma maneira de as fazer parar; engoli-las. É nessas alturas que entra em acção a sensação tão conhecida, o "nó na garganta", que se mantém causando desconforto por tempo indeterminado. Sacanas, como não conseguem o que querem ainda nos fodem. E pergunto-me eu, para onde irão essas palavras engolidas tão bruscamente? Não, não preciso que me expliquem pela nonagésima quarta vez o sistema digestivo. Porque por vezes são palavras impossíveis de digerir, tal é o seu travo amargo. Mas as piores são as palavras doces. Oh sim, essas sacanas uma vez chegadas ao estômago revertem-se numa acidez que nos queima por dentro. Será mesmo estômago que eu quero dizer? Nunca fui boa a ciências, de qualquer dos modos não acredito nisso. Se eu as tivesse que digerir, o meu corpo já as teria expulso há muito tempo, se é que me faço entender, e nunca dei por tal milagre. Posso ter um lado místico, mas não me venham com as tretas de que pura e simplesmente desaparecem, porque em magia eu não acredito mesmo. E sim, nunca falha a bela da teoria de que com o tempo as acabamos por esquecê-las e ultrapassá-las. Mas a minha pergunta é, será que elas desaparecem mesmo?
Eu não sei se elas permanecem algures dentro de mim ou não, mas se elas cá continuam quero-me ver livre delas. Espero um dia ter a oportunidade de as gritar de dentro de mim para todas as pessoas às quais elas se destinavam. Será como exorcizar este corpo, expulsar estas sacanas de dentro de mim, e cuspi-las de encontro ao seu destino. Nunca acreditei muito no destino, mas espero que elas acreditem. As palavras.

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